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Estrada para o Desmatamento: Txai Suruí e a Luta Contra o Progresso que Fere a Amazônia

Estrada para o Desmatamento: Txai Suruí e a Luta Contra o Progresso que Fere a Amazônia

Porto Velho, RO – No silêncio que corta a Amazônia, onde a floresta já foi forçada a dar lugar ao asfalto, Txai Suruí levanta a voz em defesa de seu povo. Filha da terra, ela sabe que cada quilômetro de estrada pavimentada custa mais do que árvores: custa vidas. O governo tenta convencer que a BR-319 trará progresso, mas para Txai, essa estrada leva à destruição. “Nós, indígenas, sempre pagamos o preço da ‘integração’. E não é com escolas ou saúde. É com sangue, com a nossa floresta.”

Em seu artigo, publicado em um dos maiores jornais do país, Txai aponta a ironia de falar em desenvolvimento enquanto 18 mil indígenas de 63 terras sofrem sem serem ouvidos. A rodovia atravessa seus territórios sem permissão, violando leis e tradições. “Não precisamos de mais cicatrizes em nossa terra, precisamos de respeito”, conclui Txai, deixando claro que essa luta não é só por hoje, mas por todos os amanhãs que a estrada quer roubar.

A rodovia BR-319, desativada por décadas, volta a ser palco de controvérsias. O governo federal defende sua reconstrução como um passo essencial para conectar Amazonas e Rondônia, num momento de seca histórica que impede a navegação nos rios. Mas para Txai Suruí, ativista indígena, essa estrada é uma ferida que ameaça sangrar ainda mais a Amazônia. Ela denuncia que, sob o pretexto de integração, o projeto pavimentará o caminho para o desmatamento e o avanço do agronegócio.

Em seu artigo, Txai alerta que os impactos vão além da rodovia: “Metade da Amazônia seria prejudicada, não só as áreas próximas.” A falta de consultas às comunidades indígenas e de estudos ambientais, como apontado pelo Ministério Público Federal, só agrava a indignação. “Para nós, cada árvore derrubada é uma perda irreparável, não só da floresta, mas também de nossa cultura e de nossas vidas”, desabafa.

O presidente Lula, ao visitar a Aldeia Kainã, prometeu que o desmatamento e a grilagem de terras não seriam permitidos. No entanto, as palavras do governo contrastam com a realidade nas comunidades indígenas, que há séculos enfrentam o preço do progresso. Para Txai, as promessas de desenvolvimento não são suficientes para apagar a cicatriz que essa rodovia pode abrir no coração da floresta e de seus povos. “Nós não precisamos de mais estradas; precisamos de respeito e de terra para viver”, afirma a ativista, em um grito de alerta que ecoa por toda a Amazônia.

O governo federal insiste que a BR-319 pode ser construída de forma sustentável. Relatórios técnicos do Ministério dos Transportes sugerem que, com monitoramento adequado, é possível avançar sem prejudicar o meio ambiente. No entanto, quem conhece a terra e sente o impacto em suas vidas, como Txai Suruí, tem motivos para duvidar dessas promessas. “Os povos indígenas já vivem as consequências de projetos como esse. Pavimentam o solo e apagam nossa história”, desabafa Txai.

Os ativistas indígenas temem que, uma vez iniciada a obra, o controle ambiental seja mais uma promessa não cumprida. O histórico de desmatamento na região aponta que áreas abertas por rodovias atraem madeireiros, grileiros e garimpeiros, intensificando a destruição. “Eles falam de desenvolvimento, mas não é o nosso desenvolvimento. Quem vai ganhar com essa estrada é o agronegócio, enquanto a floresta perde”, critica a ativista.

Paralelamente, o governo anunciou obras de dragagem nos rios Solimões e Amazonas, parte de uma série de medidas para amenizar os efeitos da seca, que já isola 61 municípios. Porém, para as comunidades indígenas, esses projetos representam mais uma ameaça. Txai e outros líderes indígenas apontam que o verdadeiro impacto dessas intervenções não é considerado. “Nosso povo depende dos rios, das matas. Alterar o curso das águas, mexer com a terra… tudo isso tem um preço, e nós é que pagamos.”

Enquanto o governo promove a rodovia como solução, os indígenas enxergam apenas mais um capítulo de luta pela sobrevivência. “Sustentabilidade para quem?”, pergunta Txai. Ela deixa claro que o futuro de seu povo não se constrói com máquinas e asfalto, mas com respeito e preservação.

Enquanto o governo federal avança com promessas de sustentabilidade e desenvolvimento, os indígenas continuam resistindo com suas vozes e suas vidas. Para Txai Suruí e sua comunidade, a BR-319 é mais do que uma estrada: é uma ameaça direta ao futuro de suas terras, à cultura ancestral que sobrevive apesar de séculos de destruição. A floresta, que protege e sustenta os povos indígenas, é um território sagrado que não pode ser reduzido a números em relatórios ou metas de crescimento econômico.

As promessas de mitigação ambiental não convencem quem conhece as consequências históricas de obras como essa. Txai sabe que, na prática, essas garantias dificilmente chegam às margens da floresta. O progresso, que para muitos significa crescimento econômico, representa para os indígenas um ciclo repetido de violação de direitos e devastação. “A estrada pode abrir caminhos, mas também destrói tudo ao redor. Não só a terra, mas nossas vidas”, reflete Txai.

A luta dos povos indígenas pela preservação de seus territórios é, em essência, uma luta pela própria existência. Cada árvore derrubada, cada rio desviado, são cicatrizes que se abrem em suas histórias e no corpo da Amazônia. E enquanto o governo segue com seus planos de reconstrução, os indígenas se mantêm firmes, defendendo que o verdadeiro progresso só virá com respeito e justiça. “Nós queremos viver em paz com a nossa terra. Não precisamos de estradas, precisamos de respeito”, conclui Txai, deixando claro que essa luta está longe de terminar.

Fonte: rondoniadinamica.com

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